terça-feira, 16 de novembro de 2010

Responde a uma coisa

Tu que tiveste a tua infância durante os anos 60,70, como podes ter sobrevivido?
Afinal de contas...
Os carros não tinham cintos de segurança, apoios de cabeça, nem airbag!!
Íamos soltos no banco de trás aos saltos e na galhofa e isso não era perigoso!

As camas tinham grades e os brinquedos eram multicores com pecinhas que se soltavam, ou, no mínimo, pintados com umas tintas "duvidosas"contendo chumbo ou outro veneno qualquer.

Não havia trancas de segurança nas portas dos carros, chaves nos armários de medicamentos, detergentes ou químicos domésticos.

Andávamos de bicicleta para lá e para cá, sem capacete, joelheiras, caneleiras e cotoveleiras...

Bebíamos água em potes de barro, da torneira, duma mangueira, ou duma fonte, e não águas minerais em garrafas ditas "esterilizadas".

Construíamos aqueles carrinhos de rolamentos, e aqueles que tinham a sorte de morar perto de uma ladeira asfaltada, podiam tentar bater records de velocidade e até verificar no meio do caminho que tinham economizado a sola dos sapatos, que eram usados como travões...Depois de acabarmos num silvado aprendíamos!

Íamos brincar na rua com uma condição: Voltar para casa ao anoitecer. Não havia telemóveis...Os nossos pais não sabiam onde estávamos. Era incrível!!

Tínhamos aulas só de manhã, e íamos almoçar a casa.
Quando tínhamos piolhos a nossa mãe lavava-nos a cabeça com Quitoso e com um pente fininho removia a piolhada toda.

Braços engessados, dentes partidos, joelhos esfolados, cabeça rachada...Alguém se queixava disso? Todos tinham razão menos nós!

Comíamos doces à vontade, pão com Tulicreme, bebidas com (o perigoso) açúcar. Não se falava em obesidade, brincávamos sempre na rua e éramos super activos...
Quando comprávamos aqueles tubinhos da Fá naquela mercearia da esquina, vinha logo o pessoal todo pedir um "coche" e dividíamos com os nossos amigos. Bebiam todos pelo mesmo tubinho e nunca ninguém morreu por isso...

Nada de playstation, nintendo, Xboxes, jogos de vídeo,televisão por satélite,cabo nem dvd's; telemóvel era ficção científica, computador,internet...
Só amigos

Quem não teve um cão?
Nada de ração.Comiam a mesma comida que nós(muitas vezes os restos),e sem problema nenhum.Banho quente? Champô? Qual quê! No quintal,um segurava o cão e o outro com a mangueira(fria) ia jogando água e esfregava-o com (acreditem se quiserem) sabão (em barra) de lavar a roupa!
Algum cão morreu ou adoeceu por causa disso?

A pé ou de bicicleta,íamos à casa dos amigos,mesmo que morassem a kms da nossa casa,entrávamos sem bater e íamos brincar.
É verdade! Lá fora,nesse mundo cinzento e sem segurança.Como era possível? Jogávamos futebol na rua, muitas vezes com a baliza sinalizada por duas pedras...Ás vezes, quando éramos muitos,tinhamos que ficar de fora sem jogar nem ser substituído...mas nem era o "FIM DO MUNDO".

Na escola tinha bons e maus alunos. Uns passavam e outros eram reprovados. Ninguém ia por isso a um psicólogo ou psicoterapeuta. Não havia a moda dos superdotados, nem se falava em dislexia, problemas de concentração, hiperactividade.Quem não passava, simplesmente repetia de ano e tentava de novo no ano seguinte!

As nossas festas eram animadas por gira-discos, a fazerem aqueles cliques da agulha a deslizar nos discos de vinil.As bebidas, eram claro, a deliciosa groselha com cubinhos de gelo.

Tínhamos:
Liberdade, Fracassos, Sucessos e Deveres...e aprendíamos a lidar com cada um deles!
A única verdadeira questão é: Como conseguimos sobreviver?
E acima de tudo, como conseguimos desenvolver a nossa personalidade?

Hoje, os nossos filhos e sobrinhos, quando "elucidados" sobre o "Nosso tempo", sem dúvida que respondem que era uma chatice...uma "seca", mas...
Como éramos felizes!!!

(*recebido por mail.Obrigada Lola)

2 comentários:

R disse...

Isso está um espanto. Era tudo assim e ainda mais. Adorei vir aqui e ler este post.
Eu tive uma infância assim e não a trocava por nada. Tentei que os meus filhos, apesar de estarmmos fora da minha terra, tivessem o mais parecido possível com o que eu tinha tido. O mais velho nesse aspecto foi mais sortudo, o mais novo menos, porque ia menos à minha terra e também porque não brincou tanto na rua como o irmão. É que entretanto as pracetas ficaram cheias de carros e ele era mais caseiro.
Beijokas

Anna^ disse...

Eu tenho pena que os meus filhos(pelo menos os dois mais novos) não tenham tido esta oportunidade de se sentirem "livres"...agora passamos a vida até com medo da própria sombra e agarrados a uma insegurança que nem nos deixa saborear as coisas boas que a vida nos oferece.
beijinho Mariinha